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25 de julho: Mulheres negras fazem manifestação no centro de São Paulo

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25 de julho é o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Em São Paulo, as mulheres marcharam em um grande ato que se concentrou na Praça da República. O Bloco Afro Ilú Obá de Min comandou a frente do ato com uma grande batucada.

A marcha teve o mote “Sem violência, racismo, discriminação e fome! Com dignidade, educação, trabalho, aposentadoria e saúde!”. Os eixos são uma resposta à precarização dos serviços de assistência e previdência social, e de saúde e educação públicas, que ocorrem nos níveis municipal, estadual e federal. A luta contra o racismo religioso, a lesbotransfobia e o genocídio da juventude negra e periférica permanecem na pauta de reivindicações, especialmente no contexto de acirramento da violência. A escritora Bianca Santana, durante sua fala, denunciou o “pacote anticrime” proposto por Sérgio Moro. Segundo ela, a proposta é hipócrita, e representa, na verdade, uma licença para matar o povo negro e pobre.

Já no centro da cidade, as mulheres organizaram uma homenagem à poeta negra Tula Pilar, figura importante da cena cultural e da resistência feminista, falecida no começo do ano. “Tula presente agora e sempre!”, diziam em coro. A filha de Tula, Samantha, esteve presente no ato para participar da homenagem.

Durante a concentração, foram feitas muitas falas, expressando a diversidade política e de formas de organização das mulheres negras. A militante Helena Nogueira representou a Marcha Mundial das Mulheres:

Nesse momento, nós temos que estar de mãos dadas. Estamos presentes, porque nós que somos pretos e pretas, nós, as mulheres negras, somos a base da sociedade, somos metade da população desse país. No entanto, eles querem nos colocar de novo lá na margem. Não querem que estejamos na batalha. Mas nós não vamos nos entregar! Nós, negros, temos o sangue forte, nossa ancestralidade está aqui nos ajudando, colaborando conosco. Nós não vamos decepcionar nossos antepassados. Eu sempre falo: sou uma mulher de 62 anos de idade. Mas eu não me entrego. Não permito que nenhuma pessoa venha me desmoralizar como mulher negra. Saí de uma cidade no interior de São paulo, fiz minha faculdade com dificuldade. Anos 80. Não era fácil pra gente fazer faculdade. Mas eu consegui, entrei no 80, me formei em 84. Nós que estamos aqui, acho que todas as pessoas, principalmente as jovens, não podem sucumbir. Não podem entregar. temos que ser mulher de garra. Temos que honrar nossos antepassados! Estamos aqui para confrontar essa direita fascista. Marielle vive, Lula livre!

 

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