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4ª Ação Internacional da MMM na Argentina: Encontro Subregional de Formação “Soberania de nossos corpos e territórios”

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O Encontro Subregional de Formação “Soberania de nossos corpos e territórios”, que integra a 4ª Ação Internacional da Marcha Mundial das Mulheres na América Latina, aconteceu entre os dias 22 e 23 de agosto de 2015, na cidade de Buenos Aires, Argentina, e contou com a presença de militantes do Brasil, Paraguai, Uruguai, Chile, Argentina, Colômbia e Turquia.

Na abertura do encontro, as mulheres da MMM Argentina, Raquel Vivanco (movimento Mujeres de la Matria Latinoamericana) e Carolina Ocar (ATE Capital), deram as boas vindas às delegações dos diversos países e das províncias argentinas presentes. As delegadas, com bandeiras de seus países, saudaram o encontro e compartilharam brevemente as questões que afetam as mulheres em seus territórios.

Relmú Ñancu, representante das mulheres do povo Mapuche, que está sendo processada em Neuquén por defender as terras de sua comunidade perante o avanço do extrativismo, participou da abertura e foi aplaudida pelas presentes.

Foram homenageadas as vítimas do Massacre de Trelew, ocorrido em 1972, sendo o dia 22 de agosto o aniversário do fuzilamento de 19 militantes revolucionários, entre os quais se encontravam cinco mulheres lutadoras.

Antes de iniciar o primeiro painel, Mariela Fariña, integrante da Mujeres de la Matria Latinoamericana, interpretou músicas de cantoras latino-americanas, que foram aplaudidas com emoção pelas mulheres presentes.

 

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Primeiro painel: “Soberania sobre nossos corpos e territórios: desafios continentais”

Nalu Faria, coordenadora da MMM Brasil, e Claudia Corol, da MMM Argentina, discutiram os desafuis continentais do feminismo. Neste sentido, visibilizaram o impacto negativo das grandes obras de mineração e/ou petroleiras sobre as vidas das mulheres, além do crescimento da militarização em zonas afetadas, que colabora para a criminalização das militantes. O desafio de incorporar na agenda do feminismo popular estas reivindicações, a defesa de nossos territórios, a autonomia econômica das mulheres, desnaturalizar a dicotomia entre público e privado, a divisão sexual do trabalho, a mercantilização de nossos corpos, entre outros temas, foram abordados no primeiro painel, mediado por Alejandra Angriman, da CTA Argentina.

 

Oficinas com eixos de trabalho

Na tarde de sábado aconteceram 6 oficinas simultâneas para debater as lutas territoriais e os direitos das mulheres, e contaram com a participação de lideranças em cada temática.

As oficinas abordaram os seguintes eixos: a soberania de nossos corpos e bens comuns, a luta pela água, contra o monocultivo e o uso de agrotóxicos; a luta contra os megaprojetos de mineração, o fracking, as grandes barragens e por soberania energética; a soberania de nossos corpos e territórios, o direito de decidir sobre nossos corpos e sexualidades, a luta pelo aborto livre e gratuito; a luta pelo fim da violência contra as mulheres, contra o tráfico, a exploração sexual, o feminicídio e as experiências da campanha #NiUnaMenos; a militarização, a criminalização diante do avanço do extrativismo e do modelo hegemônico da região; a divisão sexual do trabalho, o trabalho reprodutivo, o trabalho formal e precarizado e a economia do cuidado.

Durante a noite, foi realizada uma atividade cultural no Centro Cultural Leopoldo Gonzalez, onde as mulheres confraternizaram e disfrutaram de música de dança. O dia seguinte, domingo, começou com uma coletivização das discussões trabalhadas nas oficinas temáticas.

 

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Segundo painel: “Propostas de abordagem feminista e construção de alternativas para enfrentar a mercantilização da vida”

Foram apresentadas diversas experiências impulsionadas por organizações de mulheres, entre as quais estava Laura Lonatti, coordenadora do movimento Barrios de Pie, que trabalha na área de gênero e saúde. Ela expôs sua experiência com o conurbano bonaerense durante os últimos anos, com mulheres organizadas em movimento que surgiu após a crise política e econômica argentina de 2001.

Durante a tarde, a plenária debateu a elaboração, reflexão e criação de propostas alternativas sobre a soberania de nossos corpos-territórios, a soberania alimentar e as iniciativas feministas de formação e comunicação. No final, a plenária reafirmou as propostas do encontro, como visibilizar a criminalização e lutar contra a condenação das mulheres em luta.

O encontro se encerra hoje, com um escracho à Monsanto em seus escritórios na cidade de Buenos Aires, sob a seguinte convocatória:

 

Fora Monsanto! Denúncia e escracho!

Convocamos todas a uma intervenção pública da Marcha Mundial das Mulheres, por soberania sobre nossos corpos e territórios, em frente aos escritórios da transnacional biotecnológica Monsanto na cidade de Buenos Aires.

A presença desta empresa, repudiada no mundo inteiro por suas políticas monopólicas, repressivas e contaminantes, segue sendo promovida fortemente pelos poderes políticos de nossos países, apesar de numerosas denúncias e provas das consequências que suas formas de trabalhar geram em nossos corpos e territórios, em especial no território que é o corpo das mulheres. É por isso que queremos denunciar a Monsanto com nossa presença nas ruas, como encerramento de nosso encontro de reflexão e ação que protagonizamos como mulheres nestes dias.

Fora Monsanto da Argentina e de toda a América Latina!

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