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Mulheres Kaiowá e Guarani promoverão grande assembleia em Coronel Sapucaia

O Kuñangue Aty Guasu é uma oportunidade para levantarem suas vozes e denunciarem os problemas enfrentados nas aldeias, acampamentos e áreas de retomada em Mato Grosso do Sul

casa de reza2De 18 a 22 de setembro será realizado o Kuñangue Aty Guasu, a grande assembleia das mulheres Kaiowá e Guarani, reunindo centenas de pessoas no Tekoha Kurusu Amba, localizado na cidade de Coronel Sapucaia (MS).

Esta será a quinta edição do encontro e participarão indígenas das aldeias, acampamentos e áreas retomadas da região Sul da região do conesul de Mato Grosso do Sul. Diferente das edições do Aty Guassu, onde os homens mais velhos são as maiores autoridades, no Kuñangue as mulheres têm a oportunidade de falar e escolher suas lideranças.

Para a ñandesy (rezadora) Alda Silva, que tem o nome Kaiowá de Kuña tupã rendy’i, têm coisas que os homens não querem resolver. “Quando o marido começa a ser violento, vem batendo, alguma coisa assim, e alguém leva para a autoridade dos homens, dos índios, às vezes ele não quer fazer. Às vezes o índio tem autoridade, mas tem o mesmo caráter daquele homem. Por isso que a mulher procura a mulher”, explicou.

Durante a assembleia são feitas rezas, debatidos os principais desafios enfrentados em cada comunidade e ao final é produzido um documento para ser amplamente divulgado com as denúncias e reivindicações levantadas na reunião, muitas relacionadas à necessidade da demarcação das terras indígenas.

Em entrevista, Alda Silva, Lucila Juca e Flávia Arino Nunes, todas Kaiowá e participantes da organização do Kuñangue Aty Guasu, contam as razões que levaram as mulheres a organizarem a primeira grande assembleia no ano de 2005 e a importância do protagonismo feminino na luta por melhorias nas condições de vida dos indígenas, envolvendo os direitos à saúde, educação, moradia e a terra e o enfrentamento à violência doméstica.

Além disso, as entrevistadas abordam o conflito de gerações e defendem o relevante papel dos jovens para a continuidade da resistência e para a articulação com as entidades e organizações parceiras, por meio da elaboração de projetos e do contato através das tecnologias de informação.

– Por que as mulheres começaram a se organizar dentro do Aty Guasu? Por que surgiu essa vontade?

Alda Silva – Nós íamos em todos os Aty Guasu, mas só acompanhávamos. As mulheres não falavam, nem os jovens. Os jovens nem queriam levar as mães. A ideia saiu lá no encontro do Cerro Marangatu. Eu participei desde o começo, em todo canto de retomada a gente ia. Mas dessa vez as mulheres não queriam participar mais, né? Quando ia sair a reunião lá em Cerro Marangatu, a Antônia veio aqui e eu convidei: “Você vai amanhã no Aty Guasu?”. Ela falou: “Olha, minha irmã, eu não vou não. Vou deixar minha casa, meu filho, minha filha, tudo abandonado e eu vou à toa lá? A gente vai só sentar, olhar na cara dos homens… Então não precisa eu ir”. Aí eu respondi: “Não, agora será diferente. Agora nós vamos, nós mulheres, todas nós, vamos separar dos homens. Nós não vamos separar para deixar eles, nós vamos separar da reunião deles, serão eles na reunião deles e nós separadas para fazer a nossa. O que vai vir será o que vai por na nossa mente o Ñanderu Guasu, ele será o único que vai por pra nós”. Aí ela falou: “Se for assim eu vou”.

Aí chegou o dia de ir. Nós não avisamos ninguém. Não falamos nada para os homens. Só eu, a Antônia e a dona Laureana que estávamos sabendo. Chegando lá nós conversamos com cada mulher. Falamos: “Nós participamos muito da reunião dos homens e os homens não querem que a gente fale, querem calar a nossa boca. Nós já aprendemos com eles, agora nós vamos levar nossa palavra e nossa sabedoria. Nós que somos mães, nós que somos avós, nós que sabemos cuidar das crianças. Então já estamos acordadas. Nós não somos mais como éramos antes. Antes a gente não sabia nada, só ficava dentro da oca, fazia comida. Mas hoje em dia não. Está na hora de nós nos levantarmos. Nós vamos levar nossa sabedoria, o que vier de coisa boa na nossa cabeça nós vamos levar pra frente e nós todas mulheres vamos trabalhar”.

Isso foi antes da gente chegar, enquanto estávamos na estrada. Como não tem jeito de chegar de ônibus lá, nós descemos na estrada. Naquele momento chamamos as mulheres, as meninas, as crianças, todas para perto de nós. Os homens iam na frente. Aí eu falei: “Agora vocês vão na frente e a gente vai atrás, não esperem por nós não, podem ir”. Aí quando chegou lá no barraco e começou a reunir o pessoal, os homens chamaram a gente: “Vem mulher! Vamos embora!”. Mas nós não estávamos nem aí, ficamos para trás. Tinha bastante mulher, muitas mulheres, e elas perguntaram: “E como nós vamos fazer agora?”. Eu disse: “Vai brotar aqui nosso trabalho, é aqui a nossa batalha, todas nós mulheres vamos levar isso em frente. Vamos andar, erguer nossa bandeira e não é pra acabar”. Um monte de gente estranhou. Os homens perguntavam: “Por que separar?”. Mas os homens rezaram e quando pararam nós entramos lá. Nós rezamos pra todo pessoal ver. Aí o pessoal achou muito animado, a finada Leia até chorou, se emocionou bastante, foi muito diferente mesmo.

Quando amanheceu o dia, o doutor Charles, o Ramiro e o procurador perguntaram: “Dona Alda, quem que entrou na cabeça das mulheres? Quem?”. A dona Laureana respondeu: “Dona Alda falou pra nós nos separarmos e fazer a reunião agora. Agora nós índio, todas nós mulheres Kaiowá, nós acordamos. A reunião deles a gente participou, mas agora a gente vai levar pra frente separado. Nós já acordamos. Nós vamos ensinar nossa filha, nossa neta, a levar esse trabalho em frente”. Mas naquele momento nós nem lembramos do jovem. Pensamos: Vamos separar. Tinha uma casinha lá na frente e a gente separou. Os homens ficaram pouquinhos! (risos) Aí chegando lá também chegaram os jovens e a criançada e naquele momento então nós decidimos que o jovem também tem que ser uma liderança, ter uma liderança do jovem. Foi lá que nós fundamos também. Foi a Linda, filha da Laureana, a Liane, filha da dona Estela, e a Aldineia que foram as primeiras lideranças. Então foi lá mesmo que começou, lá em Cerro Marangatu.

– E o que vocês fazem no Kuñangue Aty Guasu? Tem um momento de orações, tem conversa… O que fazem de atividades?

Alda Silva – A primeira coisa que nós mulheres fazemos é rezar. Rezamos três dias. Quem dá sabedoria na mente da gente é somente o nosso Pai, o único Ñanderu Guasu, ele que dá um caminho, uma coisa que dá na mente da gente para fazermos coisas boas para todos. Por exemplo, eu não faço nada eu mesma, “eu” não existe. Porque só nós, o que quisermos fazer e fizermos na hora, não dá certo, não conseguiremos nada, principalmente para o povo indígena. Então, a primeira coisa que a gente tem que fazer na reunião é fazer oração. Rezar. No começo e no final da reunião e também na hora do almoço tem que agradecer e só depois que vamos almoçar. Agradecer a Ele para Ele dar de novo na mente da gente coisa boa. Essa que está falando ninguém enxerga. Então Ele dá pra você uma sabedoria pra você contribuir com todo o pessoal, com palavras que não são para atingir o outro ou falar alguma coisa ruim, tudo é pra levar coisa boa. Essa é a nossa reunião.

-Tem também um momento para conversar? Falar dos problemas? Como que é essa parte?

Alda Silva – Tem. Tem muito problema, muita coisa interna que acontece em cada aldeia. Têm coisas que os homens que não querem resolver. Quando o marido começa a ser violento, vem batendo, alguma coisa assim, e alguém leva para a autoridade dos homens, dos índios, às vezes ele não quer fazer. Às vezes o índio tem autoridade, mas tem o mesmo caráter daquele homem. Por isso que a mulher procura a mulher. Aí ela pergunta: “Como que vai fazer? Para quem que vai reclamar?”. A gente fala que tem autoridade pra fora, nós temos tudo. Então a gente procura autoridade para fora e a liderança diz que tem representante para falar com o povo dele. Um representante tem que ter mesmo em cada aldeia. Para falarem as mulheres, para falarem pelo povo delas. Se não tem representante, como que vai falar? Para quem vai falar? Então foi para isso que a gente levantou esse encontro Aty Guasu das mulheres, para ter quem represente as mulheres. Os jovens também têm que ter representante para falar aos jovens o que será bom fazer. Essa que é a nossa conversa.

flavia alda lucilaMuitas mulheres querem trabalhar, mas só que na realidade os maridos não querem que elas trabalhem. É isso. Se o homem dominar a mulher, ela não vai pra reunião também. Por isso que todas as mulheres, Kaiowá e Guarani, têm que saber as coisas. Por isso mesmo que já tem a liderança das mulheres para defendê-las. Muitas vezes acontece de uma mulher apanhar, o marido bater ou o marido ficar estuprando talvez a enteada, alguma coisa assim, e ela queria fazer alguma coisa e não pode. Fica amarrada. Então se tem a liderança, tem a representante, ela vai lá falar com ela, e ela tem que falar, tem que resolver o caso daquela pessoa.

– A senhora acha que existem problemas que é a mulher quem tem que falar? Que o homem não vai falar? Que é próprio da luta das mulheres?

Alda Silva– Sabe, o homem pode falar, mas tem homem que não quer apoiar a mulher. Talvez o mesmo caráter daquele (que bateu) o outro tem também. Tipo assim, se o nosso chefe largar a mulher dele, por exemplo, bater, abandonar a criança… Quem ela vai procurar para agir?

– E qual a importância dos jovens terem esse momento para falar?

Alda Silva– É muito importante. Os jovens têm que falar pelo todo e pelo nome dos jovens. Jovem é muito violentado. Tem muita violência. Muitos que a mãe não cuida, que o pai abandona. Aí, tem que ter aquele representante para ir reclamar por aquele outro. Por exemplo, se acontece alguma coisa, o representante tem que correr, ir falar com a Justiça, falar com advogado, falar para acudir aquela pessoa. É para isso que tem que ter um representante do jovem. O jovem não está só para ter para ele, ele está para apoiar todos. Se procurar ele, ele tem que saber das coisas, ele tem que saber o que está acontecendo, porque é que está assim.

– Uma das frases das camisetas do evento é “Sem mulher não tem Tekoha”, da Lauriene Seraguza. Como que a senhora vê a importância da mulher na luta pela terra? Pelo Tekoha?

Lucila Juca – São os dois juntos. O homem e a mulher. Mas às vezes vai ter a luta e tem pouco recurso, daí vai só um. Às vezes a mulher queria participar, mas falam que falta recurso, que arrumaram só um ônibus e não dá pra ir. Vai um só. Muitas vezes é só a dona Alda que vai na luta das mulheres, a única, ela não tem tempo nem para tomar tereré. Igual a ela ninguém vai achar, pode andar nesse mundo e não vai achar. Igual a ele também, ao seu Getúlio (marido de Alda e cacique), pode andar nesse mundo que não vai achar.

– E você, Flávia? Qual a importância que você vê nas mulheres se reunirem entre elas?

Flávia Arino Nunes – Na minha opinião hoje, a realidade é que as mulheres são muito mais resistentes que os homens, tanto na luta pela terra, quanto na luta por educação, por saúde, por melhorias para seus filhos. Isso é importante, porque em uma assembleia você não consegue discutir tudo o que tem para discutir. Às vezes na Aty Guasu a gente discute, a mulher fala, mas não consegue falar o que a gente tem de prioridade para falar. Então essa organização de mulheres indígenas é muito importante porque nela as mulheres vão falar o que está acontecendo em suas aldeias, se é preciso mais de espaço, porque todas as aldeias estão precisando de espaço e de moradia. Está sendo muito difícil a demarcação das terras indígenas e as mulheres, principalmente elas, lutam pelos seus direitos. Mas é difícil a mulher ter voz. Quando é mulher e é jovem é mais difícil ainda ter voz. Quando você é nova, por mais que você não seja tão jovem, ninguém quer ouvir você, não te respeita. Eu falo e discuto pelos direitos, mas os próprios indígenas não respeitam você, porque você é nova. Tipo assim, acham você muito nova para falar, não querem te ouvir. Comigo já aconteceu várias vezes, com as outras também. Acham que só porque você é nova você não tem capacidade de organizar ou de ter autoridade, mas você tem. Eu falo para todas as rezadoras que tudo que eu aprendi hoje para falar e para lutar foi com os mais velhos. Não aprendi comigo, aprendi com eles. A gente é muito nova, mas a gente está aprendendo.

– Mas este ano você está na organização do Kuñangue Aty Guasu?

Flavia Arino Nunes – Este ano eu fui atrás de alimentação e de transporte. De início eu não iria poder organizar, falei para o pessoal que iria só atrás das minhas aulas, mas aí eu vi que o pessoal estava com necessidade de mexer na Internet para dar encaminhamento, encaminhar as coisas pelos e-mails e daí ninguém queria fazer isso, porque é difícil a pessoa deixar sua casa e ir para Dourados para fazer isso. Aí eu fiquei pensando que como as autoridades já estavam sabendo que ia acontecer essa reunião, ia ser muito vergonhoso eu falar que não ia mais acontecer a reunião. Então eu fui correr atrás de alimentação o máximo que eu podia. Entrei em contato com várias pessoas pedindo ajuda, atrás de comida, e se a Sesai e a Faind da UFGD podiam arrumar um ônibus. Eu falei: “O que vocês puderem ajudar, já estaremos agradecidos”. Porque na verdade a gente não tinha nada, porque o projeto não foi feito. A gente ia fazer o projeto na Funai, mas como demorou muito, não deu certo. Na Funai precisa fazer o projeto três meses antes para ser aprovado.

– Qual a importância, o papel da mulher para manter a tradição, a cultura a religião?

Lucila Juca – É importante na relação com o jovem, porque a maioria do jovem estuda mais. Estuda, estuda, mas depois tem que saber também a cultura, aprender junto com a mulher mais velha. Não pode deixar de lado, tem que aprender. Porque a mais velha sabe como fazer aquilo ali e a criança que está crescendo não sabe. Então a mulher mais nova e a mulher mais velha tem que fazer projeto para buscar para a criança. Quando a gente morrer, eu e ela (Alda) um dia vamos morrer, mas aí já fica esse projeto em cima da terra. Então nesse Aty Guasu de mulher, a gente pede mais espaço. A gente está muito apertado, não dá para gente trabalhar mais, não dá para plantar mais nada, está muito apertado para gente morar. Nisso daí o governo não coopera com a gente, deixa de lado, não quer ajudar os índios. Os índios precisam, os jovens precisam também. Meu neto queria fazer faculdade, por exemplo, e ele não conseguiu fazer porque é muito caro. O pai já morreu, a mãe já morreu. Tem isso também. Eu estudei, muito pouco, agora os jovens estudam muito mais do que nós, falam no computador, no celular…  As lutas de nós mulheres é uma luta grande e tem que continuar até a gente morrer, né?

Alda Silva – Lucila falou que sempre tem que ter um apoio, um projeto a fazer… quase ninguém quer ouvir o jovem e na aldeia tem gente que é contra o jovem. Eu e Getúlio apoiamos os jovens, porque os jovens são nosso futuro, eles que vão levar o trabalho pra frente. Não é o velho e a velha. A velha somente fica orientando como que é para trabalhar, dando o exemplo bom também. Quando o jovem começa a levantar e fazer as coisas, tem muita gente contra. Só queria falar para essas pessoas que estão contra o jovem, que eles estão contra eles mesmos. Enquanto o idoso está vivo tem que dar orientação boa para o jovem, para ele ficar, para ele fortalecer, é pra isso que a gente precisa dar apoio aos jovens.

No encontro do Kuñaguê Aty Guasu vai ter jovem e idoso. O jovem tem que ter apoio para fazer projetos, daí quando for acontecer de novo não vamos ficar dependendo mais das coisas. Muitos homens também estão contra as mulheres, contra o encontro das mulheres, muitos não queriam saber do Aty Guasu das mulheres, aí já começa a fazer um e outro pra não ir ninguém lá. É assim. Você vê só, vou sair fora um pouquinho só. Quando para tirar a Dilma, muitos homens estavam contra ela, não foi? Quando os homens vão contra uma mulher, eles atingem todas. Diziam que a mulher tinha que ficar em casa para lavar. Falaram mal até, falaram feio da nossa presidenta. Falaram que tinha que ficar em casa pra lavar a calcinha, lavar a panela… Mas hoje em dia não é mais para lavar a panela só, a calcinha só, lavar a zorba do homem só. Tem que sair pra trabalhar. Hoje em dia não tem uma pessoa que não sabe trabalhar. Só se não quiser. Hoje em dia tem coisa pra todo mundo fazer, para a mulher, para o jovem até serviço pro idoso tem. Então quando escutei essa pessoa falando da presidente Dilma fiquei muito chateada. Se falar de uma mulher, alcança todas. Todas.

– Você estava falando da questão da mulher da terra, do espaço, enfim, na opinião de vocês é possível sobreviver sem as mulheres no Tekoha? Qual a importância do trabalho da mulher?

alda5Alda Silva– Ninguém vai viver se não tiver as mulheres. Agora nós, mulheres, nós que precisamos do Tekoha, sabe por quê? Nós, todas as mulheres, nós queremos ver a saúde do nosso neto, nosso filho. No Tekoha novo vai ter saúde, lá vai ter educação, lá vai ter uma área para plantar as coisas, lá vai ter serviço para o pessoal, é pra isso eu a gente precisa. A gente precisa da saúde para todas as nossas famílias. Nós não estamos precisando de desnutrição paras crianças como é aqui. Aqui está tudo fechado, tudo plantado. Ontem mesmos a gente estava conversando…  Nós temos o nosso Tekoha, mas a pessoa que não quer que a gente pegue nosso Tekoha. Por que será? Então nós temos que conversar com todo pessoal. Não dá para gente ficar assim com a boca fechada. A aldeia toda é como um chiqueiro. Um chiqueirinho só. Te colocam ali e de lá você não sai. Quando você coloca o porco no chiqueiro, ele não sai de lá. O que acha ele come. Se você jogar alguma coisa ele come. É bem assim que nós estamos. O que é nosso eles tomaram tudo. Tem gente que vende a terra e vem entrar aqui na aldeia. Aqui entra gaúcho, entra japonês, entra baiano. Eles vendem a chacrinha e depois entram aqui na aldeia pra não pagar nada. Agora se o pessoal não quer que a gente pegue outra vez a nossa terra, o nosso Tekoha, então tem que mandar tirar todos esses brancos daqui. Mas isso não vão querer fazer. Se a gente entrar no nosso lugar também não vão querer. Só que o nosso Tekoha era o nosso Tekoha mesmo. Nós não queremos a terra dos outros, queremos a nossa.

Texto: Karine Segatto – jornalista DRT/MS 150

Fotos: Manuela Bailosa

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