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Por nossas mortas, nenhum minuto de silêncio, mas toda uma vida de luta!

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A Marcha Mundial das Mulheres manifesta seu pesar e profunda indignação com o assassinato de Marielle Franco, militante feminista e vereadora do PSOL – Partido Socialismo e Liberdade, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Ela foi morta a tiros dentro do seu carro na quarta-feira, 14 de março. Exigimos a apuração do crime para que seu assassinato não fique impune e nos solidarizamos com as companheiras e companheiros do PSOL, com a família e amigos de Marielle neste momento de dor.

Marielle, mulher negra e oriunda da favela da Maré, foi uma militante de extrema importância para o movimento feminista do estado do Rio de Janeiro. Pautou a construção de políticas públicas para as mulheres na cidade – com destaque para o enfrentamento à violência e para a defesa dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Recentemente foi nomeada relatora da comissão da Câmara Municipal responsável por acompanhar a intervenção militar no Rio de Janeiro.

Fortes indícios apontam que o assassinato de Marielle foi uma execução política motivada pelas graves denúncias que a vereadora vem fazendo sobre a barbárie implementada pela Polícia Militar nas favelas do Rio de Janeiro e, mais recentemente, na favela de Acari no domingo, 11 de março.

Somamos nossa voz às de todos aqueles que denunciam o assassinato de Marielle como a primeira execução política da Intervenção Militar no Estado do Rio de Janeiro. Trata-se de um ato criminoso que busca nos silenciar. Denunciamos que o Brasil está sob um Estado de Exceção em que forças fascistas agem sem qualquer limite e avançam sobre a nossa sociedade. 

A execução de Marielle é uma tentativa de intimidar todas/os que lutam contra a violência do Estado e contra a desigualdade. Essa violência foi visível também nesse mesmo dia na violenta repressão às professoras e servidoras públicas em São Paulo. Elas (es) se manifestavam sua oposição ao projeto de lei que visa reduzir o salário de servidores para compensar o suposto déficit previdenciário na cidade. 

Seguiremos reforçando a luta expressa nos atos massivos ocorridos no 8 de março: exigindo democracia pela vida das mulheres. Levantamos nossa voz para dizer que não vão nos parar, não arredaremos o pé da construção de uma sociedade justa e igualitária para as mulheres e para todo o povo brasileiro.

A MMM em todo o mundo se soma às exigências de apuração do crime e às mobilizações frente as autoridades responsáveis por essa investigação.

Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres!

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LUTO É VERBO – NOTA DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES DO RIO DE JANEIRO

É com muita tristeza, dor e indignação que recebemos a notícia do assassinato da combativa vereadora do PSOL do Rio de Janeiro Marielle Franco, feminista negra, bissexual e anticapitalista.

Uma jovem negra que em sua trajetória sentiu na pele uma dor que é coletiva e fez dela combustível de resistência. Na linha de frente da defesa dos direitos humanos, direito a cidade, contra o extermínio da população negra denunciou diariamente a barbárie instaurada no Rio de Janeiro pelos donos do poder.

Um mote que orienta a luta das mulheres negras diz “uma sobe e puxa a outra”. E Marielle na sua trajetória não abriu mão da luta das mulheres, da luta antirracista e sua trajetória servirá como inspiração e ficará na história. Nada será em vão.

É necessário nesse momento permanecer em estado de resistência, em luta pela democracia que tem sido retirada cada dia a mais do nosso povo, é necessário denunciar o avanço da militarização sobre os nossos corpos, vidas e territórios. As mulheres vêm mais uma vez se colocar contra a guerra gerada pelo sistema capitalista.

Por ela transformamos dor em força para continuar lutando por um mundo melhor.

Por ela nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta.

Nenhuma a menos!

Seguiremos pela vida das mulheres negras, até que todas sejamos livres!

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