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Por soberania energética e popular, Marcha Mundial das Mulheres participa de atividade internacional na Colômbia

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Pensar a transição energética desde e para o povo: foi essa a ideia central do ‘Seminário Propostas de transição energética na América Latina: água e energia para nossa soberania’ e da Conferência Nacional e Internacional ‘Construindo Justiça Climática e Transição Energética’, realizados de 26 a 29 de novembro em Bogotá, na Colômbia. A Marcha Mundial das Mulheres participou dos quatro dias de atividades, que aconteceram como parte da comemoração dos 30 anos de trabalho do Censat Água Viva – Amigos da Terra (COL).

Frente à crise do sistema capitalista, que pensa a energia apenas como lucro para o mercado, discutiu-se no Seminário, nos dias 26 e 27, a caracterização do modelo energético geral, que é um modelo eminentemente de exploração da natureza e as falsas alternativas energéticas que estão se dando ao redor do mundo. Rejane Medeiros, representante da Marcha no encontro, deu como exemplo a energia solar: “é uma energia boa, no entanto, ela não está nas mãos do povo, ela continua nas mãos das empresas. Há uma apropriação pelo capitalismo com esse discurso de energias renováveis, de energias limpas, mas não estão na mão da população, por isso nós pautamos também que nós precisamos ter soberania energética”, avaliou.

Seguindo o mesmo raciocínio da necessidade de se conquistar soberania energética e popular, Rejane contou que uma das pautas discutidas foi a da importância de se fortalecer experiências energéticas e de articulação que estão sendo realizadas em outras regiões, em outros países, como a própria energia solar e que têm a participação das trabalhadoras e dos trabalhadores. De acordo com ela, “para fortalecer e construir experiências é também necessário que os países, que as regiões conheçam a matriz energética de seus países pra ter mais condição de intervir sobre elas”. Além disso, afirmou que é imprescindível seguir construindo experiências articuladas.

Os debates reforçam o pensamento de que é importante que as experiências partam do conhecimento popular, do conhecimento das comunidades locais e que, a partir disso, o povo tenha domínio e soberania sobre elas.

O Seminário teve a participação de delegadas e delegados de organizações e redes latino-americanas envolvidos na discussão sobre energia e justiça climática, com o propósito de formular propostas comuns e complementares para ações futuras. Buscou também refletir conjuntamente sobre as atividades da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP) no Chile e unir forças frente ao espaço da Cúpula dos Povos e de negociações oficiais internacionais.

Logo após, nos dias 28 e 29, foi realizada a Conferência Nacional e Internacional ‘Construindo Justiça Climática e Transição Energética’, que contou com a presença de mais de 100 pessoas de comunidades e organizações colombianas, além das representações dos 14 países presentes desde o seminário que antecedeu a conferência.

O encontro começou com um debate sobre crise e justiça climática e seguiu com a apresentação de paineis. A Marcha Mundial participou do painel ‘Perspectivas feministas da justiça climática’, pensando a justiça climática a partir do feminismo, de modo que se expôs que a natureza e os bens comuns não são recursos inesgotáveis e as mulheres, assim como o trabalho delas, também não.

Por fim, a apresentação discutiu de que modo o capitalismo e o patriarcado se apropriam do trabalho das mulheres, assim como a necessidade de valorizar, reconhecer e dar visibilidade às experiências de mulheres nos diversos espaços em que estão: sejam elas experiências agroecológicas, de conservação da biodiversidade, sejam elas integradas à economia solidária; ressaltou que para compreender o trabalho para a sustentabilidade da vida, que é feito quase que exclusivamente pelas mulheres, é preciso construir justiça climática com feminismo.

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