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As mulheres das Américas resistem! Marcha Mundial das Mulheres das Américas realizam sua reunião regional em Guatemala

As Coordenações Nacionais da Marcha Mundial das Mulheres das Américas se reuniram na cidade da Guatemala para sua primeira reunião regional presencial depois do início da pandemia. Durante os dias 15, 16 e 17 de outubro as militantes das Américas atualizaram as reflexões e debates políticos a partir dos desafios da conjuntura.

A partir dessas reflexões e debates poder seguir organizando nossas lutas e resistências enquanto mulheres, de diversas organizações territoriais nas Américas frente as múltiplas crises provocadas pelo capitalismo neoliberal, racista e patriarcal.

Estiveram reunidas as CNs da Guatemala, México, Peru e Macronorte Peru, Argentina, Quebec, Cuba, República Dominicana, Brasil, Estados Unidos, Chile, Honduras, Paraguai, El Salvador e Bolívia.

Iniciamos a reunião com uma acolhida e mística compartilhada pelas companheiras da Guatemala, a partir das cosmovisões dos povos Xinca e Kaqchiquel. Diferente de como fazemos no ambiente virtual, a mística foi também um momento de partilha corpo a corpo. Companheiras de outros países inclusive puderam participar da construção coletiva da ornamentação da mística. Neste momento, as companheiras do Quebec também compartilharam um pequeno símbolo representando a luta das mulheres trabalhadoras, no formato de um broche de pequenas camisetas vermelhas.

Além disso, durante os 3 dias de reunião compartilhamos informes e avaliamos processos em que estamos envolvidas ou somos responsáveis. Realizamos um debate especial sobre o tema da formação feminista, comaprtilhando os acúmulos e aprendizagens dos processos da Escola  Feminista Berta Cáceres MMM Américas em conexão com a experiência da IFOS Internacional e também IFOS facilitadoras. Também a comunicação e os temas relacionados à dinâmica internacional da MMM foram discutidos.

Em uma das noites também participamos de um momento especial preparado pelas companheiras de Guatemala para escutarmos sobre suas experiências de lutas enquanto mulheres dos povos kaqchikel, Quiche, Xinca e Mestiza.

Dentre os principais pontos destacados pelas militantes estão as disputas de poder e das democracias de nossos países, a ofensiva dos poderes imperialistas e conservadores, que tentam deter os avanços das resistências populares das mulheres e dos povos. Diante deste contexto, destacamos nossas resistências nos territórios contra as empresas transnacionais, violências e perseguições políticas da extrema direita e seguimos defendendo nossas alternativas e propostas de transformação do mundo, colocando a vida no centro.

 

Breve resumo dos desafios do contexto e nossas apostas como MMM em todo o continente

A partir dos informes de contexto enviado pelas Coordenações Nacionais, as delegadas puderam analisar as tendências, desafios do contexto nossas apostas como MMM em todo o continente.

 

Como tendencias do contexto, destacamos:

– A ofensiva da direita global e a consolidação dos poderes factuais no mundo (capitalista, patriarcal, racista e classista) exemplos de presidentes de esquerda que acabam sendo dominados por este sistema.

– Uma internacional neo-fascista está sendo instalada e normalizada em todo o mundo.

– Disputas sobre as democracias

– Domínio ideológico que nos subordina a seus interesses (educação e mídia).

– Aliança criminosa de empresas transnacionais com governos que impõem a gestão de territórios.

– Fragmentação da esquerda, que reforça a direita, ao mesmo tempo em que confronta ou enfraquece a esquerda.

– Estratégia de divisão de comunidades e territórios, em resistência, cooptando líderes nos territórios, enfraquecendo organizações.

– Campanhas de ódio com fundamentalismo e regressão nos direitos das mulheres, das comunidades LGTB, dos povos; nas escolas, professores, mídia, com a geração de informações falsas, do que são as organizações feministas, afirmando que elas são contra a família.

– Exploração do trabalho, racialização e precariedade do trabalho, uberização. Com ênfase no trabalho não remunerado das mulheres.

– O racismo, o colonialismo e a discriminação nos territórios.

– O avanço das empresas farmacêuticas sobre o controle do corpo das mulheres (durante a pandemia, não houve métodos contraceptivos, o que levou à maternidade obrigatória; também a medicalização dos corpos, por exemplo).

– Violência política para reduzir os sujeitos políticos, racismo foi instalado com os sujeitos que lutam nos territórios, violência hetero-colonial que mantém o status, enquanto a destruição dos comuns para manter os privilégios das oligarquias.

– Criminalização de lutas

– O papel do poder corporativo e de órgãos como a ONU, a OEA, o Banco Mundial, na cooptação de nossas lutas e conhecimentos.

 

Diante disso, identificamos nossos principais apostas

– O fortalecimento interno da MMM para ser forte nas ruas.

– Fortalecimento da capacidade de ação territorial da WMW, influenciando o território com posicionamento político.

– Fortalecimento do posicionamento político da WMW (nossa prática).

– O treinamento como elemento de formação, articulação com outros movimentos e a criação de outras mulheres.

– Construindo alianças e resistência às atuais formas de fascismo e direita reacionária, enfraquecendo as democracias e contestando nossas propostas.

– Posicionamento da economia feminista e popular

– Fortalecimento dos temas políticos de transformação contra o poder transnacional, justiça alimentar, economia feminista.

– Fortalecer nossa comunicação como região, começando com o Boletim das Américas, espaços de intercâmbio, a consolidação de um coletivo de comunicadores na região para contribuir também em nível internacional, continuar fortalecendo Capire e refletir mais profundamente sobre nossas estratégias de comunicação feminista, popular, anti-racista e anti-capitalista.

 

Resistimos para viver, marchamos para transformar!

 

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