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Em marcha pela legalização do aborto: mais um dia de vigília em frente ao Hospital Pérola Byington

Há poucos dias, ficamos sabendo que um grupo de católicos agrediu uma mulher que se dirigia ao hospital Pérola Byington para realizar um procedimento de aborto legal. O hospital é uma referência no estado de São Paulo no que diz respeito à saúde da mulher e, obviamente, no atendimento de mulheres vítimas de violência e na realização do procedimento.

Justamente por isso este grupo de religiosos está na frente do hospital, em protesto contra o aborto com o chamado “40 dias pela vida”: eles rezam, fazem barulho, correm atrás das ambulâncias que chegam para constranger as mulheres que se dirigem ao hospital. Entre outros absurdos.

Trata-se de uma campanha internacional pró-morte (das mulheres), que se iniciou nos Estados Unidos — não à toa onde a tática do assédio e ataque a clínicas de aborto é muito difundida. Uma das organizações responsáveis pela ação aqui no Brasil é a Arautos do Evangelho, um grupo católico já denunciado por abusos e maus tratos. Veja aqui.

O ataque que relatamos no início do texto foi noticiado e mulheres da região decidiram se organizar para fazer uma vigília a fim de constranger os agressores e evitar que atacassem mais alguém. As organizadoras chamaram outras mulheres e organizações feministas. Nós da Marcha Mundial das Mulheres temos participado desde então, revezando entre várias companheiras.

A vigília segue firme, contando com diversas atividades e muita solidariedade. Ontem, sábado, foram feitas rodas de conversa, churrasco, confecção de materiais em defesa da legalização do aborto. A solidariedade é grande e há doações de alimentos e água para garantir a permanência saudável das mulheres no local.

O clima das duas vigílias é claramente díspare: de um lado, rezas intermináveis e barulhentas, na frente de um hospital, fotos apelativas de crianças e gente vestindo preto. São financiados para estar ali. Do outro, uma vigília alegre, solidária, colorida, coletiva, e construída na garra pelas mulheres.

Hoje será o último dia da campanha dos pró-morte. Chamamos a todas e todos que defendem as mulheres e a legalização do aborto para que compareçam e contribuam com a vigília. Em tempos de retrocesso, é importante que demonstremos solidariedade, que nos posicionemos claramente e mostremos para os pró-morte que não iremos recuar. Eles não vão exercer sua misoginia sem uma resposta à altura.

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