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Marcha Mundial das Mulheres se mobiliza em todo o Brasil para participar da Marcha das Margaridas 2015

caravana marcha das margaridas

Adereços, bandeiras, pauta de reivindicações, força, coragem, palavras de ordem na ponta da língua e um enorme desejo de mudança: é com esses elementos que milhares de mulheres por todo o país se mobilizam para irem à Brasília nos dias 11 e 12 de agosto participar da 5ª Marcha das Margaridas, acreditando que é possível construir um Brasil soberano, sustentável, mais democrático, justo e igualitário.

A Marcha das Margaridas é uma ação que mostra o poder da auto-organização das mulheres, seu poder de interferir na conjuntura política atual do nosso país – onde o conservadorismo e o patriarcado têm ganhado cada vez mais espaço, e têm influenciado de maneira negativa a nossa luta por mais direitos e justiça social. A expectativa é de que mais de 100 mil mulheres estejam nas ruas, demonstrando sua força, dando visibilidade para suas denúncias e para suas propostas.

Com a ofensiva conservadora, a articulação da direita, o espaço que representantes conservadores têm ganhado na nossa política, ideais religiosos e patriarcais têm sido reforçados e impostos à nação, ferindo a integridade do Estado laico e democrático. Na conjuntura atual, enfrentamos o risco de um grande retrocesso em nossos direitos, como a terceirização do trabalho e a redução da maioridade penal. Esta é uma ofensiva fundamentalista e conservadora contra a vida e as direitos das mulheres brasileiras. Todos esses são fatores que ameaçam as nossas conquistas e que pretendem impedir o avanço de nossas lutas.

Assim, a Marcha das Margaridas 2015 acontece em um momento muito desafiador, mas também muito estratégico. A história das margaridas é uma história de lutas e conquistas a partir da auto-organização das mulheres, e este ano estaremos mais uma vez mostrando a nossa força.

Mais uma vez as margaridas estarão nas ruas para protestar contra as desigualdades sociais, para denunciar todas as formas de violência, exploração e dominação e apresentar propostas para avançar na construção da democracia e da igualdade para as mulheres. Lidiane Samara, militante da MMM e integrante da Batucada Feminista do Rio Grande do Norte fala com otimismo sobre a expectativa para esta ação: “vamos mostrar nossa capacidade de estar nas ruas, o poder de mobilização das mulheres para enfrentar essa conjuntura conservadora que está imposta ao nosso país por esse congresso e pelos grandes meios de comunicação, vamos mostrar para eles que a gente tem força e eles vão ter que nos escutar nossas vozes”.

De acordo com Conceição Dantas, da coordenação executiva da MMM, neste momento o que está em disputa é o modelo de desenvolvimento do Brasil: “Nós queremos um desenvolvimento pautado nas pessoas; a direita e o conservadorismo querem um desenvolvimento pautado no lucro. Com as mulheres na rua eu não tenho dúvidas de que seremos as vencedoras”.

Nas marchas realizadas durante os governos Lula (2003 e 2007) e Dilma (2011) as margaridas alcançaram suas maiores conquistas. Este ano, mais uma vez, entregaremos uma pauta de reivindicações à presidenta Dilma Rousseff acreditando na possibilidade de um diálogo com seu governo. Sarah Luiza, militante da MMM do Ceará e membro da assessoria da Secretaria de Mulheres da CONTAG em Brasília, fala sobre a necessidade desse diálogo com o governo federal: “A gente está vivendo um contexto político muito desafiador, e é muito importante entender que não só a CONTAG, mas os movimentos parceiros, como a Marcha Mundial das Mulheres, têm um posicionamento e o posicionamento é que nós somos contra qualquer tipo de golpe. A gente tem uma pauta que será entregue à presidenta Dilma, porque a gente acredita que é preciso e que é possível melhorar. Mas que isso seja feito através desse governo, que foi eleito democraticamente. Acreditamos que é com ele que a gente tem condições reais de diálogo e de construir políticas públicas para as mulheres, que de fato transformem a vida das mulheres do campo, da floresta e das águas”.

 

A Marcha das Margaridas

A Marcha das Margaridas é uma ampla ação estratégica das mulheres, em busca de uma sociedade com igualdade, em que as mulheres sejam livres do patriarcado, do conservadorismo da direita e da violência sexista, reconhecimento social e político e cidadania plena. A marcha é intitulada desta forma em homenagem à Margarida Maria Alves, trabalhadora rural e líder sindical paraibana, com forte influência no Nordeste no combate ao latifúndio, e que foi cruelmente assassinada na porta de sua casa, em 1983, a mando daqueles a quem sua luta incomodava. Mas os ideais de Margarida Maria Alves não se calaram, seus sonhos permanecem vivos e se multiplicam a cada ano, através das milhares de margaridas espalhadas por todo o país. Hoje somos todas Margaridas!

A primeira edição da Marcha das Margaridas aconteceu em 2000 com a ação intitulada “2000 razões para Marchar contra a fome, a pobreza e a violência sexista”, denunciando o projeto neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso e apresentando as reivindicações das trabalhadoras rurais. Em 2000, a Marcha das Margaridas foi organizada pelas mulheres da CONTAG como uma forma de adesão à Marcha Mundial das Mulheres, em parceria com movimentos sindicais e sociais. Este ano, o lema é: “Margaridas seguem em Marcha por desenvolvimento sustentável com democracia, justiça, autonomia, igualdade e liberdade”.

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